A versão revisada da NBR 5419-2/2025 – em consulta pública pela ABNT – traz melhorias significativas no tratamento da densidade de descargas atmosféricas (NG), que é a quantidade de raios que incidem por quilometro quadrado durante um ano em determinado local. O NG tem impacto direto na análise de risco de projetos de PDA, pelo fato de que locais com maior incidência de raios tendem a requerer medidas de proteção mais rigorosas. A seguir, enfatizamos as alterações propostas na consulta nacional seguidas de comentário.
TÉCNOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DE DADOS
Como era na versão NBR 5419-2/2015?
Os dados de NG foram gerados partir dos registros de pulsos luminosos capturados do espaço, pelo Lightning Imaging Sensor – LIS, a bordo do satélite Tropical Rainfall Measuring Mission – TRMM, da NASA, durante o período de 1998 a 2011. Estes pulsos incluem raios nuvem-nuvem e nuvem solo visto a observação partir de ponto sobre a superfície Terrestre. Para estimar o percentual médio de descargas atmosféricas da nuvem para o solo, foram utilizados os registros oriundos da rede de detecção de superfície disponível no período.
Como está proposto na versão NBR 5419-2/2025?
A partir de dados do LIS, houve uma evolução no tratamento da quantidade de descargas nuvem solo estimada, feito pelo INPE e UFMT, graças a dados da Rede Brasileiras de Detecção de Raios, Brasil DAT no período de 2018 a 2022, composta por rede de sensores estacionários na superfície do território brasileiro.
Dados mais confiáveis, devido à atualização do período de dados e melhora na estimativa de raios nuvem-solo. – Fonte: https://www.gov.br/inpe/pt-br
AUMENTO NA QUANTIDADE DE RAIOS POR KM²
Como era na versão NBR 5419-2/2015?
Os mapas isocerâunicos previam uma quantidade de 0,5 até 19 raios por km² / ano. Exemplos de NG para algumas capitais na norma de 2015: Salvador = 0,5; Belo Horizonte = 7; Porto Alegre = 8; São Paulo = 11; Manaus = 14.
Como está proposto na versão NBR 5419-2/2025?
A atualização dos dados considera uma quantidade de 2 até 32 raios por km² / ano. Exemplos de NG para algumas capitais na norma de 2025: Salvador = 4; Belo Horizonte = 14; Porto Alegre = 14; São Paulo = 22; Manaus = 32.
Houve aumento bastante significativo na quantidade de raios, podendo ser motivado pelas mudanças climáticas do planeta e na maior precisão no tratamento de dados oferecida pelo Brasil DAT. Para o projetista de PDA, cabe propor aos seus clientes revisar as análises de risco, que poderão indicar maior rigor na proteção diante do aumento de NG.
FONTE DE DADOS NG PARA USO EM PROJETOS
Como era na versão NBR 5419-2/2015?
A norma oferecia mapas isocerâunicos de todo território brasileiro e de cada região do Brasil, com divisões em quadrados de 12,5km. Os mapas possuíam escala de cores, sendo cada uma representando um NG. Além dos mapas era possível acessar website do INPE no qual podia-se inserir coordenadas cartesianas e obter o NG. Entretanto este recurso foi indisponibilizado pelo INPE após alguns anos da publicação da NBR.
Como está proposto na versão NBR 5419-2/2025?
Os mapas permanecem, porém, atualizados. O uso como fonte de dados do web site do INPE foi retirado da norma. A grande novidade foi a criação de uma tabela constando todos os municípios brasileiros e seu respectivo índice NG. Essa tabela compreende 174 páginas da parte 2 da norma proposta em 2025!
Anteriormente existia a possibilidade de indicar NG variável, conforme interpretação do mapa ou dados obtidos no INPE. Agora a fonte de dados NG é única e de fácil consulta, trazendo mais confiabilidade e uniformidade nos projetos de PDA.
Índice com todos os municípios brasileiros e sua respectiva densidade de descargas atmosféricas (NG)
O Anexo F da NBR 5419-2/2025 representa um salto qualitativo no tratamento técnico da densidade de raios no Brasil. Ao substituir mapas antigos e menos precisos por uma base aumentada, atualizada e padronizada, a norma fortalece a qualidade, confiabilidade e eficiência dos projetos de proteção contra descargas atmosféricas (PDA).
